Faço das Palavras do Nelito as minhas....
A Congressotour, agência de viagens que distribui passagens para amigos e parentes de deputados, tem um insuspeito cliente. O deputado Fernando Gabeira, um dos últimos bastiões da Casa, veio a público dizer que já usou seus serviços. Presenteou gente próxima com bilhetes aéreos pagos pelo contribuinte. E, sob o pretexto de que não quer expor os presenteados, mais não disse. Gabeira tem o dever de dizer quem foi, quanto custou e para onde foram as viagens.Em vez disso, aproveitou para dizer que, agora, vai lutar contra o benefício. E disse que vai enfrentar a sua morte política. Não há dúvidas de que seu gesto foi muito vivo.
Gabeira provavelmente decidiu se antecipar ao noticiário porque sabia que, mais cedo ou mais tarde, seu nome apareceria entre os doadores de passagens. Decidiu, porém, não dar mais detalhes. Embora Gabeira tenha uma biografia até então irretocável, não consta que seja intocável. É preciso que ele diga quem recebeu, quanto recebeu e para onde foi. Ou se é ético ou não se é. Não se pode usar uma sunguinha de crochê e acreditar que está vestido. Gabeira está nu.
Os nomes, deputado, por favor. Os nomes. Ou será preciso que alguém suba a tribuna e aponte-lhe o dedo em riste? Se depender disso, seu segredo está bem guardado. A chamada bancada ética guarda silêncio sobre o caso das passagens, agora sabemos bem porquê .
Nós, que já achamos que o Congresso chegou ao fundo do poço, acabamos de descobrir que debaixo do poço tem um sótão.
O Congresso aprovou ontem um pacote de “medidas moralizadoras” baixando normas para o uso de passagens aéreas. A verba sofre um corte de 20%, mas em compensação os parlamentares agora estão liberados para doar tíquetes a parentes, amigos ou namoradas apresentadoras de TV. Passagens não usadas podem ser acumuladas, proporcionando viagens ao exterior, por exemplo. Se isso é moralizante, não sei mais o que é imoral.
A aprovação das normas aconteceu justamente no dia em que os principais jornais do Rio exibiam, nas primeiras páginas, imagens do povo levando chicotadas nos trens. Houve um tumulto por causa da greve dos ferroviários e os agentes da SuperVia usaram a corda de seus apitos como chicote para conter os ânimos dos trabalhadores.
Enquanto na Câmara deputados ganham passagens de avião, nos trens o povo apanha. Uns acintam, outros açoitam.
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E claro recomendo o blog dele: http://colunas.epoca.globo.com/nelito/
Thais
fala Cris!
ResponderExcluircurti muito o blog de vcs, o conteudo ta bacana e os trabalhos sao realmente de qualidade.
sucesso pra vcs!
abraçao,
vagnerMoura