Essa é a nova coluna do nosso blog. Uma vez por semana vamos postar alguma imagem que achamos interessante e que possa inspirar nossos leitores. Por imagem estamos falando de fotografia, ilustração, pintura, gravura, enfim, qualquer forma visual de expressão de uma idéia.São trabalhos que de alguma forma já nos inspiraram e hoje fazem parte do nosso repertório visual.
Respire e deixe nossa seleção de trabalhos inspirar você também.
Nosso primeiro post é sobre o designer gráfico multimídia Saul Bass (1920-1996). Durante sua carreira criou logomarcas consideradas célebres e famosas no mundo inteiro ( Quaker- 1971; Kleenex; United Airlines -1973; Warner Communications- 1972; Bell- 1969; AT&T -1984; Continental Airlines 1968; Avery International- 1990; Minolta- 1978; United Way -1972 ), mas seus trabalhos mais famosos foram pôsteres e vinhetas pros filmes de mestres do calibre de Alfred Hitchcock, Otto Preminger, Martin Scorcese e Stanley Kubrick.
Como pode ser percebido em suas vinhetas e em muitos de seus pôsteres, a intenção de Bass era reduzir o "produto cinematográfico" a um símbolo/icone/logo. Além disso, enxergava nos créditos inciais de um filme a possibilidade de, através de uma expressão estética, transmitir uma idéia , uma introdução relevante a história do filme, para criar um envolvimento emocional do espectador antes mesmo da história ser apresentada.
Sua abertura mais conhecida são os créditos iniciais em animação de papel recortado de um viciado em heroína, do filme dirigido por Otto Preminger The Man with the Golden Arm (O Homem do Braço de Ouro - 1955). O pôster que Saul criou para o filme agradou tanto o diretor que ele foi convidado para desenhar também os créditos iniciais do longa.
Sobre as vinhetas criadas, em suas próprias palavras :
" My initial thoughts about what a title can do was to set mood and the prime underlying core of the film's story, to express the story in some metaphorical way. I saw the title as a way of conditioning the audience, so that when the film actually began, viewers would already have an emotional resonance with it."
Como inspiração de hoje, a contribuição de Saul Bass para o filme Um Corpo que Cai (Vertigo - 1958), uma das obras-primas de Hitchcock. É a história romântica e atormentada de um ex-detetive que sofre de acrofobia (James Stewart), obcecado por uma mulher morta (Kim Novak), que ele crê reconhecer numa outra mulher.
Para a abertura, Bass centra a imagem no olho de uma mulher anônima. Quando o nome de Alfred Hitchcock surge, o écran cobre-se de uma coloração vermelha – símbolo de paixão, de crime e de sangue. Depois, entramos na íris do olho, submersos por espirais coloridas que rodam sobre si mesmas. A espiral lembra o penteado de Madeleine mas é também uma tradução da falta de controlo de Scottie, da sua desorientação e do abismo que advém das suas vertigens.
As imagens dos créditos e uma seqüência de sonhos (ambas criadas pelo desenhista Saul Bass), com cores irreais e elementos gráficos, constituem-se em pequenos experimentos cinematográficos e possivelmente produziram um efeito inquietante na década de 50.
O poster que ele criou para o filme é frequentemente apontado, inclusive pela revista Premiere americana como um dos melhores cartazes de cinema de todos os tempos. Constitui-se em uma peça de design inigualável. Apresenta iconicamente a silhueta de um homem e de uma mulher aparentemente em queda e uma espiral estilizada para representar a vertigem do título original. Saul deixa a cargo do espectador interpretar se o personagem masculino está caindo (vítima), evitando a queda da personagem feminina (salvador), ou ainda mesmo jogando a mesma na espiral. Em uma análise gráfica, percebe-se que a espiral central atrai a atenção do espectador para as personagens e gera um equilibro na funcionalidade e composição do cartaz, interligando todos os elementos do mesmo.
Os trabalhos de Saul Bass são reconhecidos mundialmente sendo influências em diversas mídias. Como exemplo temos o cartaz do filme Queime Depois de Ler dos irmão Coen. Nele percebe-se claramente os grafismos puros e simplistas, assim como as cores chapadas e contrastantes características de Saul.
Aqui no Brasil sua influência também se faz presente.
Afinal, quem não lembra da abertura da novela Favorita da Rede Globo?
Bom, é isso.
Espero que nosso post te inspire e que os trabalhos do grande designer Saul Bass façam parte do seu repertório criativo.
Ah, e abaixo mais alguns trabalhos de Saul Bass.
Até semana que vem!
Cris Becker
Gostei das dicas. Com certeza poderá se tornar uma referência muito freqüentada.
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